Nesta edição, a Rede BRACEF traz uma conversa inspiradora com o coordenador da Casa das Américas na Suíça, revisita os melhores momentos do último colóquio e anuncia o próximo webinário que encerra o calendário de 2025, fortalecendo os laços entre Brasil, Canadá e espaços francófonos.
Fonte: Ortansicht von Châtel-St-Denis © Roland Zumbuehl (CC-BY-SA-3.0) via Wikimedia Commons
A sudoeste da bela Suíça, em Châtel-Saint-Denis, localiza-se a Casa das Américas. A instituição (propõe-se) a ser, mais do que um museu voltado à migração, um projeto de trocas culturais e científicas entre a Europa e a América Latina. Para entendermos melhor o funcionamento, propósito e origem dessa fundação, a equipe do BRACEF realizou uma entrevista com Christophe Mauron, conservador do Bulle Gruyère Museum formado em História pela Universidade de Friburgo e pesquisador da emigração suíça para a América Latina, no dia 12 de setembro de 2025.
Mauron revelou que a primeira ideia para a Casa das Américas surgiu após as comemorações do Bicentenário da Emigração Suíça para Nova Friburgo, em 2019, o qual despertou entre os participantes o desejo de criar um espaço cultural dedicado às migrações e intercâmbios entre a Suíça e as Américas. Naquele momento, havia já três associações que trabalhavam com o tema (no Brasil, na Argentina e no Chile), as quais resolveram se unir para criar uma nova associação, estabelecendo sua sede em Veveyse.
“(...) encontramos apoio na região de Veveyse, no cantão de Friburgo — justamente de onde saíram colonos que fundaram cidades na América.”
Sobre a questão das migrações, o historiador expõe que trata-se de um fenômeno de mão dupla — ou seja, tanto o fluxo de pessoas da Suíça para a América Latina quanto da América para Suíça são significativos e merecem um olhar atencioso e especial. Ele destaca que apesar da distância temporal, há elementos comuns a ambos os fluxos migratórios, entre eles questões de identidade, pertencimento e nostalgia, além das dificuldades da própria viagem.
“A migração é um tema universal e atual.”
Para a Casa das Américas, o mais importante é construir redes de conhecimento entre museus, cultura e a Academia. O foco é principalmente nos jovens estudantes, ao incentivar e auxiliar pesquisas e publicações, além de exposições temporárias e organização de colóquios. Mauron destaca a importância dessa troca, pois traz ganhos para ambos os lados do Atlântico: se de um lado, temos o cuidado com o diálogo próximo à população e sua história, atrelada a uma busca científica bastante dinâmica, do outro temos menos limitações financeiras às pesquisas e uma gama de interessados no trabalho conjunto para a concretização de diversos projetos. Essa cooperação é essencial para o desenvolvimento de soluções para as questões que nos são comuns, como o estudo da colonização, seus legados e repercussões históricas.
“Eu gosto de observar as diferenças, mas sobretudo de destacar o que nos aproxima.
Acredito em construir pontes, não muros.”
Por fim, um destaque especial: a Casa das Américas é parte integrante da Rede Internacional BRACEF representada por Christophe Mauron. Que privilégio é tecer pontes com uma fundação de tamanha importância e com um pesquisador cuja dedicação às questões da migração se mostra tão necessária! Deixamos aqui nosso profundo agradecimento pela entrevista e pela janela aberta para o trabalho da Casa das Américas no cenário acadêmico internacional.
Para saber mais sobre a instituição, acesse o link a seguir: https://maison-ameriques.ch/
“Era uma vez” um grupo de colegas professores e pesquisadores dos mais diferentes lugares do mundo com uma vontade: estimular pesquisas, ideias e conexões entre Brasil, Canadá e Espaços Francófonos. A priori, o desejo se limitou a realizar um evento, o qual iria reunir pesquisadores, docentes, entusiastas e estudantes interessados nessa temática na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Dessa forma, o I Colóquio BRACEF começou a ser idealizado e, consequentemente, a BRACEF — enquanto rede internacional de pesquisa e extensão — passou a ter um terreno fértil para crescer.
Fonte: equipe do projeto, 2024.
Entretanto, para concretizar esse evento, os membros fundadores reconheceram a necessidade de mais integrantes e, nesse momento, os estudantes passaram a participar do grupo. Nesse sentido, um dos primeiros discentes convidados foi Ana Júlia Panequi, bacharelanda em Geografia na UFRN, a qual teve sua proatividade notada e reconhecida por Raimundo Nonato — professor da mesma instituição e membro fundador — durante um outro projeto em que ambos colaboraram. Ela, desde que se juntou ao grupo, foi a principal responsável pelo desenvolvimento do site oficial da rede. Além disso, manteve-se desde o inicio com uma presença ativa no projeto e, em reconhecimento às sua contribuições, a convidamos para compartilhar seu ponto de vista sobre o desenrolar de 2024 para a BRACEF.
Nesse sentido, ela destacou como ponto alto do ano, justamente, o I Colóquio BRACEF, tanto por sua complexidade para ser organizado quanto por ter sido a primeira gota de orvalho que possibilitou o florescimento formal da rede. Quando foi questionada acerca da organização do grupo para além do evento, relatou que todas as reuniões — feitas, em sua maioria, virtualmente — foram focadas nesse assunto, pois era a pauta mais urgente e, praticamente, a única, visto que a rede BRACEF ainda era algo idealizado naquele momento inicial.
Assim, após meses de organização, o evento ocorreu de 6 a 8 de novembro de 2024 e foi um verdadeiro sucesso! Contou com a participação de cerca de 400 pessoas ao longo dos três dias com mesas redondas, debates, apresentações de pesquisas mediadas por representantes brasileiros, canadenses, franceses, belgas e suíços. Tudo ocorreu bem, principalmente, graças ao grande número de alunos voluntários que contribuíram com o marketing, os registros fotográficos, a tradução simultânea, a logística e as demais demandas que surgiram. Para além disso, é crucial destacarmos e valorizarmos o apoio do Governo do Quebec, da Cátedra Trois Siècles de Migrations Francophones e do Consulado Geral da França para o Nordeste, pois foram fundamentais para a realização plena dessa atividade grandiosa realizada pela UFRN junto da Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura (Funpec). Por fim, mas não menos importante, sem dúvidas o calor da cidade do Sol, com todo seu carisma e empolgação, cativou os ilustres convidados e membros fundadores, que ao término do evento pensaram: tem algo incrível surgindo aqui e precisamos fazer acontecer!
Desse modo, o I Colóquio BRACEF marcou o capítulo inicial dessa linda história que ainda gerará muitos frutos e formará cada vez mais pontes entre o Brasil, o Canadá e os Espaços Francófonos. Por isso não finalizamos com um “fim” aqui, na verdade peço que “aguarde para as cenas dos próximos capítulos!”
Fonte: equipe do projeto, 2025.
Entre fronteiras e influências: os EUA nas relações Brasil-Canadá
Imigração, política e comércio: a influência dos Estados Unidos nas relações Brasil-Canadá. Esse é o tema do webinário que reunirá pesquisadores da rede BRACEF e promete movimentar as telas no dia 28 de novembro. O encontro terá como proposta inicial discutir o papel dos Estados Unidos da América (EUA) na configuração das relações políticas, econômicas e migratórias entre o Brasil e o Canadá. O evento traz à tona um assunto atual e cheio de reflexões que permeiam e moldam o cenário internacional.
A atividade contará com dois convidados de grande relevância, o professor Yves Frenette, da Université de Saint Boniface, e a professora Rosana Barbosa, da Saint Mary's University, ambos com ampla trajetória acadêmica em temas relacionados à imigração e história. Os convidados trarão perspectivas complementares acerca do assunto, abordando desde influências culturais até desafios diplomáticos nas relações multilaterais. A mediação será conduzida por Ricardo Borrmann, da Université de Neuchâtel, que será responsável por articular as diferentes perspectivas apresentadas ao longo do debate.
E vale se organizar no relógio: o encontro será transmitido respeitando os fusos horários locais: 14h e 15h no Canadá (Quebec e Halifax), 16h no Brasil (Brasília) e 20h na Suíça (Neuchâtel). A iniciativa promete fomentar o diálogo acadêmico e promover o intercâmbio de ideias entre pesquisadores de distintas áreas, contribuindo para o entendimento das relações internacionais nas Américas. Então fiquem atentos, as inscrições iniciam-se no dia 28 de outubro, será imperdível! Uma oportunidade incrível de mergulhar em um bate-papo global, sem sair do conforto da sua tela.